Desde o início de julho, não se discute, comenta ou ocupa-se de qualquer outro assunto que não seja a reforma tributária. Seja na mídia, webinars ou artigos, somos inundados por um dilúvio de informações. O desdobramento desse extraordinário volume de dados e informações desencadeia uma sensação de desorientação, a necessidade de assimilar o que já está definido, além da percepção de não estamos conseguirmos acompanhar tudo.
Soma-se à essa equação a pressão imposta pela empresa, diretoria e clientes, exigindo uma visão prévia dos impactos desta mudança radical. Nesse contexto, é imperativo que o departamento tributário assuma uma postura estratégica de alta performance. O papel da nossa área estará em inegável destaque.
Para ajudar nesse processo, selecionamos algumas diretrizes de planejamento e projetos como sugestões viáveis neste instante.
Compreensão do panorama atual
Para iniciar o empreendimento da reforma tributária, é importante que a equipe detenha um entendimento profundo do impacto acarretado pelo regime atual sobre a empresa. Quais tributos são atualmente pagos pela empresa? Quais custos estão associados à conformidade tributária? Qual é a carga tributária efetiva? Quais indivíduos estão atualmente responsáveis pela área tributária? Quem são os atuais fornecedores de dados para esse setor? Possui-se o organograma da área tributária, especificando claramente as responsabilidades e competências da equipe de tributação?
Estabelecimento de metas precisas
É importante delinear o propósito dessa fase inaugural do projeto de reforma com metas precisas. O que é alcançável neste momento? Quais integrantes da equipe serão selecionados para compor esta primeira etapa? A clareza dessas primeiras metas fornecerá uma bússola orientadora para o projeto, além de facilitar a avaliação de seu sucesso ao longo do tempo.
Avaliação possível do impacto financeiro
Uma análise prévia sobre o impacto financeiro das potenciais alterações tributárias deve ser realizada. Isso engloba a estimativa dos custos e benefícios das reformas propostas. Projetar cenários com possíveis alíquotas variando entre 22% e 30%, com a ressalva de que tais projeções são passíveis de mudanças e atualizações, é essencial.
Avaliar a adequação dos controles das despesas suscetíveis de créditos no futuro, e atualmente não consideradas, é crucial. Por exemplo, qual o processo atual na guarda de contratos com prestadores de serviços de setores administrativos. Isso possibilitará a identificação de pontos de aprimoramento na conformidade para que essas despesas estejam aptas a geração de crédito no momento da implementação do IBS e CBS.
Engajamento de stakeholders internos e externos
Projetos são realizados por pessoas. A reforma tributária pode gerar amplos impactos em distintas áreas da organização. Portanto, assegure-se de envolver stakeholders internos cruciais, como as finanças, contabilidade, jurídico e operações, para garantir a consideração de suas necessidades e preocupações. Ademais, considere a interação com especialistas externos, como consultores tributários, visando obter insights valiosos.
Neste contexto, a habilidade da comunicação assume um papel de importantíssimo. Mantenha uma comunicação aberta com todos os envolvidos. A reforma tributária reverberará em todos os departamentos da empresa, portanto, comunicar-se com todas as partes interessadas é importante para garantir o conhecimento dos planos e a coleta de feedback.
Agendar um diálogo com as equipes para reportar o estágio atual da reforma é recomendado. Proporcione um resumo das potenciais mudanças, de forma a que todos se sintam imediatamente integrados ao projeto. Lembre-se de que as demais equipes também estão sendo inundadas por informações. É crucial que percebam o departamento tributário interno como a fonte primária desses dados, a fim de gerar mais confiança e credibilidade.
Planejamento para a transição
Num estágio posterior, a reforma tributária demandará uma transição de sistemas e processos. Será vital já pensar em um plano de transição para minimizar interrupções nos negócios. Isso irá englobar atualizações de software, capacitação da equipe, contratações e estabelecimento de um canal de comunicação eficaz para clientes e fornecedores. Uma estratégia sólida assegurará uma transição fluida.
Por isso, este é o momento propício para aprimorar competências em gestão de projetos. Busque capacitação e domine as metodologias e ferramentas empregadas. Como estão seus conhecimentos sobre metodologia de coordenação de projetos interdepartamentais? Esteja preparado para assumir um papel de liderança neste projeto de reforma tributária dentro da empresa ou do escritório.
Seja ágil
A agilidade reflete a capacidade de adaptação às mudanças. A reforma tributária é um empreendimento dinâmico, o que exige flexibilidade para ajustar os planos conforme necessário. Cada empresa é singular, personalize essas orientações de acordo com as demandas específicas da sua organização. Avalie também a possibilidade de buscar profissionais especializados como fonte de apoio para garantir o sucesso desse projeto.
Agora que já sabe por onde começar, que tal continuar aprendendo sobre a reforma tributária? Baixe o eBook da Dootax e descubra os principais pontos da proposta aprovada na Câmara dos Deputados.
Tributarista, consultora e palestrante. Professora na Live University. Experiência de 25 anos em escritórios de advocacia e empresas multinacionais, com Impostos Indiretos (ICMS, ISS, IPI, PIS, COFINS), Imposto de Renda (IR e CSLL), tributos incidentes sobre a Folha de Pagamento (INSS, FGTS, IRRF), planejamento tributário, fusões e aquisições e reorganizações societárias, modelagem tributária empresarial, consultas fiscais, regimes aduaneiros, avaliação de riscos tributários e due diligence e vasta experiência com projetos SPED.